In her natural way: Eva Claessens
Em nossa ida ao Uruguai para fotografar Sobre el Tiempo, conhecemos Eva.
A artista nasceu em Antuérpia, Bélgica, e viveu em diversos países europeus, além de Israel, Índia, Jamaica, Chicago e Uruguai. Em três décadas de experiência em exposições, vendas e estudos na Escola de Belas Artes de Perugia, sua arte ultrapassou fronteiras de maneiras surpreendentes.
“Desde pequena me apaixonei pelo desenho, era tudo que eu queria fazer. Aos seis ou sete anos, disse aos meus pais que quando crescesse queria ser artista, que iria para Itália pintar. A certeza total de que este era o meu caminho surgiu aos 8 anos e ainda me lembro do sentimento, a certeza absoluta que me dominou” conta Eva.
Seu trabalho é sobre expressar um instante no tempo, um movimento inacabado com linhas simples e orgânicas. Seja impresso na tela, seja através de esculturas criadas à noite, com velas e música, sentindo o formato de suas sombras, as obras carregam muita sensibilidade. Apaixonada pela luz, pela vida, pelos sentimentos e pela beleza dos momentos, Eva apresenta uma força frágil que vêm da sua subjetividade, razão pela qual ela escolhe apresentar suas pinturas sem moldura.
“Acho que o meu trabalho é mais para sentir do que para definir, não é intelectual. Por isso gosto de dar-lhe a aparência de que não está acabado, como a própria vida, e com a ideia de que o indivíduo pode concluir a peça com os olhos.”
A artista trabalha principalmente com tinta acrílica em estruturas diversas: escultura em terceira dimensão, gravuras feitas à mão e cerâmica. Apesar disto, ela não se identifica como ceramista. "Eu apenas uso a mesma técnica. Faço esculturas com argilas que se tornam pratos, rostos, objetos artísticos... Eu simplesmente amo ser criativa com formas e estruturas. Não quero usar a cerâmica para repetir os mesmos processos e as mesmas formas."
Eva também nos contou que há uma investigação profunda em torno de cada obra. Ela sempre inicia suas criações a partir de desenhos de modelos vivos — não para ilustrar suas imagens, mas sim para buscar a conexão com o sentimento momentâneo que deseja capturar. "É sobre a união da alma e sobre como você pode sentir. É sobre isso que quero pintar" explica.
Atualmente, Eva vive em Garzón, uma vila na zona rural do Uruguai, onde se inspira no sentimento que estar em contato com a natureza proporciona.
"Eu construí o meu estúdio completamente no campo, porque não tem distrações, apenas a natureza, a escuridão, as estrelas, os pássaros. Sou eu comigo mesma tentando expressar o que eu realmente sinto. Numa cidade por exemplo, com muita gente e distração, sinto-me sobrecarregada e tenho dificuldade em respirar. Este tipo de vida levaria a um tipo de arte totalmente diferente: algo que não sou eu."
Quando perguntamos sobre a escolha da decisão de se mudar para o Uruguai, Eva diz que aconteceu durante uma viagem, onde apaixonou-se pela paisagem e por uma construção em ruínas que, imediatamente, decidiu comprar para restaurar. Demorou anos para criar uma casa e um estúdio habitáveis, mas Claessens encontrou no país a combinação perfeita entre beleza natural, solidão para a pintura e um público comprador entusiasta. "O Uruguai está no meu coração porque estar ao ar livre me dá a liberdade para ser eu mesma e expressar meus pensamentos" complementa.
